A consideração de comunicação pública não é restrita somente àquela comunicação que não é privada. Há uma busca complexa por este conceito em níveis teóricos, mas principalmente na totalidade prática. Por causa de tamanha diversidade conotativa, o tema é interpretado e analisado por vários autores em todo o mundo. De fato, a expressão ainda não tem um valor significativo claro, até porque a área de atuação profissional também não é delimitada. Contudo, quando se fala em comunicação pública, é senso comum remetermos-nos à política. Isso ocorre porque a mídia passou a exercer funções específicas dentro da esfera pública.
Em alguns lugares do mundo, liga-se a comunicação pública à comunicação organizacional. O principal argumento para justificar essa conotação é o de que os processos comunicativos se dão no interior das organizações, e também entre ela e os públicos-alvos. Nesse sentido, a atividade profissional seria estratégica e pautada em planejamentos, em busca da construção de níveis de relacionamento com os interessados e de uma identidade institucional. Dentro deste universo, não importa se a instituição é pública ou privada.
Já outros autores defendem que a comunicação pública tem estreitamentos com a comunicação designada como científica. O objetivo seria moldar um bloco de atividades e estudos para fomentar canais de integração da ciência (em seu termo genérico) com a vida cotidiana das pessoas. Em outras palavras, seria um processo em que as informações científicas fossem canalizadas em instrumentos de interesse da opinião pública.
Um outro viés bastante comum é a identificação com a comunicação estatal (governamental). Os argumentos para defenderem esta significação são de que é responsabilidade do Estado e do Governo manter um fluxo de informação com os cidadãos. Já a comunicação política é tida em outro conceito, no de que esta tem seu surgimento intrínseco ao da imprensa e às mídias. Parte-se do pressuposto de que a mídia mantém-se em relações de trocas e benefícios com o cenário político, econômico e social de um Estado.
Outra conceituação é da comunicação pública como um processo desenvolvido por organizações não-governamentais, membros de movimentos populares, ou representantes de comunidades. É conhecida como comunicação alternativa, ou comunitária. Seria uma comunicação tida após uma série de reflexões sociais a respeito das responsabilidades públicas.
No Brasil, apesar de haver divergências como em todo o mundo, tem-se um ponto intersectivo que demonstra uma tendência a conceituar a comunicação pública como um processo a ser estruturado entre o governo, o Estado, e a sociedade. O objetivo deste viés é utilizar a informação a serviço do desenvolvimento social. Nesse raciocínio, tem-se que a chamada comunicação governamental brasileira, historicamente esteve relacionada às propagadas homogeneizadoras. De acordo com Elisabeth Brandão, a busca atual pela cidadania na mídia seria uma forma de retratação por esse passado comprometedor.
Durante o período definitório (que ainda está em vigor), conceituar a comunicação pública, por muito tempo, era o mesmo que discorrer sobre a comunicação governamental, principalmente com a popularização das mídias radiofônicas nos anos 20. O caráter de espaço aberto para a sociedade organizada é relativamente novo. Por muitos anos de governo, fez-se pouco caso da comunicação pública. Pela situação, ou mesmo pelo maquiavelismo, não havia preocupação de concretizar planos nacionais na área. Atualmente, romper com esses paradigmas significa perpassar um histórico conturbado.
A conscientização proposta pela autora Heloíza Matos é de que a comunicação pública, quando bem utilizada, promove a estruturação do capital social, que é revertido em ações de cidadania, bem como em solidariedade, lealdade e confiança.
No entanto, além das relações de causa e conseqüência, há alguns pontos essenciais que determinam a validade da comunicação pública, como ignorar interesses individuais e exaltar os sociais; centrar a atenção aos cidadãos envolvidos; considerar a metodologia como algo além de informação; possibilitar métodos de convergência para adequação ao interesse público; e compreender a complexidade do processo comunicativo.
Alguns autores consideram estes aspectos utópicos e intangíveis, pois a comunicação pública atual serviria como apoio para servir de elemento persuasivo, manipulador, ou sedutor. Nesse sentido, ela seria apenas uma peça da disputa pela manutenção do poder, praticada com justificativas de “espírito público” e “interesse coletivo”, mas mascarada por ganâncias pessoais e/ ou corporativistas.
A matéria prima para estes processos comunicacionais, sejam eles benéficos ou maléficos em âmbito de desenvolvimento social, é a informação. Esta exerce várias funções dentro das propostas às quais é aplicada, como no caráter institucional, mercadológico, ou de utilidade pública. A comunicação é um tipo de produto que necessita ser entregue, no entanto, é importante ressaltar, que ela age sobre o sujeito receptor, e volta na forma de feedback, caso o processo tenha efeitos satisfatórios.
Nesse sentido, a comunicação pública deve ser tida como algo mais amplo do que a informação, não só pelo argumento anterior, mas também porque permite que o cidadão contextualize aquilo que lhe diz respeito, tornando-o protagonista do processo, e não apenas receptor.
Algo a ser compreendido dentro da discussão sobre comunicação pública, é que dia após dia, torna-se mais complexo demarcar, ou mesmo visualizar, fronteiras entre aquilo que é privado, e aquilo que é público. Por causa dessa falta de entendimento, muitas empresas e organizações tendem a justificar sua ética a partir dos preceitos lucrativistas. No entanto, a partir dessas premissas equivocadas podem surgir situações inesperadas de crises, e assim como na teoria do Efeito Borboleta de Eduard Lorenz, as conseqüências ocasionadas podem tomar proporções inimagináveis.
Graças ao poderio midiático, as empresas não estão mais em planos simples e lineares de comunicação. Por isso, é extremamente dificultoso expressar desfechos particulares quando, no contexto de globalização e homogeneização, se está inserido em um ambiente intensamente mutável, incerto, e observado. Em períodos de crise é necessária cautela ainda maior nesse campo repleto de armadilhas, principalmente quando se está na função de assessoria de comunicação, pois para o papel designado cabe as tarefas de proteger a imagem simbólica e real das instituições.
Em busca de controlarem situações controversas, muitas empresas confundem situações de envolvimento social com métodos oportunistas e hipócritas para a legitimação da instituição. Nesses casos, ocorrem omissões, tramitações sigilosas e ilegais, além de jogos políticos em background. De acordo com o autor Wilson Bueno, a comunicação de interesse público, assim como o conceito de responsabilidade social, não pode resumir-se a ações isoladas porque se corre o risco de se confundir com práticas meramente comerciais.
As soluções para que esses problemas não ocorram é mobilizar a sociedade pra que os interesses públicos se sobressaiam aos privados, formar profissionais com autocrítica e crítica social, dar ênfase para fatos positivos e que dêem bom exemplo, e fortalecer as mídias alternativas. Essas medidas em conjunto, visam combater a estruturação avançada de uma hegemonia comunicacional.
Apesar de o conceito de comunicação pública não ser único e conciso, há outra definição que deve ser analisada: o interesse público. Isso porque o termo designa algo relativamente universal, mas como encontrar uma intersecção intelectual em um ambiente coletivo? Na verdade, esse conceito seria um emaranhado de interesses, entrelaçados culturalmente e tradicionalmente. Dentro da sociedade da informação, que inventa novas tecnologias a cada dia, o interesse público está cada vez mais ligado a uma dualidade arbitrária. Por um lado, produz-se um bem social, mas por outro, trata-se de uma mera mercadoria noticiosa.
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Em alguns lugares do mundo, liga-se a comunicação pública à comunicação organizacional. O principal argumento para justificar essa conotação é o de que os processos comunicativos se dão no interior das organizações, e também entre ela e os públicos-alvos. Nesse sentido, a atividade profissional seria estratégica e pautada em planejamentos, em busca da construção de níveis de relacionamento com os interessados e de uma identidade institucional. Dentro deste universo, não importa se a instituição é pública ou privada.
Já outros autores defendem que a comunicação pública tem estreitamentos com a comunicação designada como científica. O objetivo seria moldar um bloco de atividades e estudos para fomentar canais de integração da ciência (em seu termo genérico) com a vida cotidiana das pessoas. Em outras palavras, seria um processo em que as informações científicas fossem canalizadas em instrumentos de interesse da opinião pública.
Um outro viés bastante comum é a identificação com a comunicação estatal (governamental). Os argumentos para defenderem esta significação são de que é responsabilidade do Estado e do Governo manter um fluxo de informação com os cidadãos. Já a comunicação política é tida em outro conceito, no de que esta tem seu surgimento intrínseco ao da imprensa e às mídias. Parte-se do pressuposto de que a mídia mantém-se em relações de trocas e benefícios com o cenário político, econômico e social de um Estado.
Outra conceituação é da comunicação pública como um processo desenvolvido por organizações não-governamentais, membros de movimentos populares, ou representantes de comunidades. É conhecida como comunicação alternativa, ou comunitária. Seria uma comunicação tida após uma série de reflexões sociais a respeito das responsabilidades públicas.
No Brasil, apesar de haver divergências como em todo o mundo, tem-se um ponto intersectivo que demonstra uma tendência a conceituar a comunicação pública como um processo a ser estruturado entre o governo, o Estado, e a sociedade. O objetivo deste viés é utilizar a informação a serviço do desenvolvimento social. Nesse raciocínio, tem-se que a chamada comunicação governamental brasileira, historicamente esteve relacionada às propagadas homogeneizadoras. De acordo com Elisabeth Brandão, a busca atual pela cidadania na mídia seria uma forma de retratação por esse passado comprometedor.
Durante o período definitório (que ainda está em vigor), conceituar a comunicação pública, por muito tempo, era o mesmo que discorrer sobre a comunicação governamental, principalmente com a popularização das mídias radiofônicas nos anos 20. O caráter de espaço aberto para a sociedade organizada é relativamente novo. Por muitos anos de governo, fez-se pouco caso da comunicação pública. Pela situação, ou mesmo pelo maquiavelismo, não havia preocupação de concretizar planos nacionais na área. Atualmente, romper com esses paradigmas significa perpassar um histórico conturbado.
A conscientização proposta pela autora Heloíza Matos é de que a comunicação pública, quando bem utilizada, promove a estruturação do capital social, que é revertido em ações de cidadania, bem como em solidariedade, lealdade e confiança.
No entanto, além das relações de causa e conseqüência, há alguns pontos essenciais que determinam a validade da comunicação pública, como ignorar interesses individuais e exaltar os sociais; centrar a atenção aos cidadãos envolvidos; considerar a metodologia como algo além de informação; possibilitar métodos de convergência para adequação ao interesse público; e compreender a complexidade do processo comunicativo.
Alguns autores consideram estes aspectos utópicos e intangíveis, pois a comunicação pública atual serviria como apoio para servir de elemento persuasivo, manipulador, ou sedutor. Nesse sentido, ela seria apenas uma peça da disputa pela manutenção do poder, praticada com justificativas de “espírito público” e “interesse coletivo”, mas mascarada por ganâncias pessoais e/ ou corporativistas.
A matéria prima para estes processos comunicacionais, sejam eles benéficos ou maléficos em âmbito de desenvolvimento social, é a informação. Esta exerce várias funções dentro das propostas às quais é aplicada, como no caráter institucional, mercadológico, ou de utilidade pública. A comunicação é um tipo de produto que necessita ser entregue, no entanto, é importante ressaltar, que ela age sobre o sujeito receptor, e volta na forma de feedback, caso o processo tenha efeitos satisfatórios.
Nesse sentido, a comunicação pública deve ser tida como algo mais amplo do que a informação, não só pelo argumento anterior, mas também porque permite que o cidadão contextualize aquilo que lhe diz respeito, tornando-o protagonista do processo, e não apenas receptor.
Algo a ser compreendido dentro da discussão sobre comunicação pública, é que dia após dia, torna-se mais complexo demarcar, ou mesmo visualizar, fronteiras entre aquilo que é privado, e aquilo que é público. Por causa dessa falta de entendimento, muitas empresas e organizações tendem a justificar sua ética a partir dos preceitos lucrativistas. No entanto, a partir dessas premissas equivocadas podem surgir situações inesperadas de crises, e assim como na teoria do Efeito Borboleta de Eduard Lorenz, as conseqüências ocasionadas podem tomar proporções inimagináveis.
Graças ao poderio midiático, as empresas não estão mais em planos simples e lineares de comunicação. Por isso, é extremamente dificultoso expressar desfechos particulares quando, no contexto de globalização e homogeneização, se está inserido em um ambiente intensamente mutável, incerto, e observado. Em períodos de crise é necessária cautela ainda maior nesse campo repleto de armadilhas, principalmente quando se está na função de assessoria de comunicação, pois para o papel designado cabe as tarefas de proteger a imagem simbólica e real das instituições.
Em busca de controlarem situações controversas, muitas empresas confundem situações de envolvimento social com métodos oportunistas e hipócritas para a legitimação da instituição. Nesses casos, ocorrem omissões, tramitações sigilosas e ilegais, além de jogos políticos em background. De acordo com o autor Wilson Bueno, a comunicação de interesse público, assim como o conceito de responsabilidade social, não pode resumir-se a ações isoladas porque se corre o risco de se confundir com práticas meramente comerciais.
As soluções para que esses problemas não ocorram é mobilizar a sociedade pra que os interesses públicos se sobressaiam aos privados, formar profissionais com autocrítica e crítica social, dar ênfase para fatos positivos e que dêem bom exemplo, e fortalecer as mídias alternativas. Essas medidas em conjunto, visam combater a estruturação avançada de uma hegemonia comunicacional.
Apesar de o conceito de comunicação pública não ser único e conciso, há outra definição que deve ser analisada: o interesse público. Isso porque o termo designa algo relativamente universal, mas como encontrar uma intersecção intelectual em um ambiente coletivo? Na verdade, esse conceito seria um emaranhado de interesses, entrelaçados culturalmente e tradicionalmente. Dentro da sociedade da informação, que inventa novas tecnologias a cada dia, o interesse público está cada vez mais ligado a uma dualidade arbitrária. Por um lado, produz-se um bem social, mas por outro, trata-se de uma mera mercadoria noticiosa.