quinta-feira, 11 de junho de 2009

Comunicação Pública: da conceituação ao interesse público

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A consideração de comunicação pública não é restrita somente àquela comunicação que não é privada. Há uma busca complexa por este conceito em níveis teóricos, mas principalmente na totalidade prática. Por causa de tamanha diversidade conotativa, o tema é interpretado e analisado por vários autores em todo o mundo. De fato, a expressão ainda não tem um valor significativo claro, até porque a área de atuação profissional também não é delimitada. Contudo, quando se fala em comunicação pública, é senso comum remetermos-nos à política. Isso ocorre porque a mídia passou a exercer funções específicas dentro da esfera pública.

Em alguns lugares do mundo, liga-se a comunicação pública à comunicação organizacional. O principal argumento para justificar essa conotação é o de que os processos comunicativos se dão no interior das organizações, e também entre ela e os públicos-alvos. Nesse sentido, a atividade profissional seria estratégica e pautada em planejamentos, em busca da construção de níveis de relacionamento com os interessados e de uma identidade institucional. Dentro deste universo, não importa se a instituição é pública ou privada.

Já outros autores defendem que a comunicação pública tem estreitamentos com a comunicação designada como científica. O objetivo seria moldar um bloco de atividades e estudos para fomentar canais de integração da ciência (em seu termo genérico) com a vida cotidiana das pessoas. Em outras palavras, seria um processo em que as informações científicas fossem canalizadas em instrumentos de interesse da opinião pública.

Um outro viés bastante comum é a identificação com a comunicação estatal (governamental). Os argumentos para defenderem esta significação são de que é responsabilidade do Estado e do Governo manter um fluxo de informação com os cidadãos. Já a comunicação política é tida em outro conceito, no de que esta tem seu surgimento intrínseco ao da imprensa e às mídias. Parte-se do pressuposto de que a mídia mantém-se em relações de trocas e benefícios com o cenário político, econômico e social de um Estado.

Outra conceituação é da comunicação pública como um processo desenvolvido por organizações não-governamentais, membros de movimentos populares, ou representantes de comunidades. É conhecida como comunicação alternativa, ou comunitária. Seria uma comunicação tida após uma série de reflexões sociais a respeito das responsabilidades públicas.

No Brasil, apesar de haver divergências como em todo o mundo, tem-se um ponto intersectivo que demonstra uma tendência a conceituar a comunicação pública como um processo a ser estruturado entre o governo, o Estado, e a sociedade. O objetivo deste viés é utilizar a informação a serviço do desenvolvimento social. Nesse raciocínio, tem-se que a chamada comunicação governamental brasileira, historicamente esteve relacionada às propagadas homogeneizadoras. De acordo com Elisabeth Brandão, a busca atual pela cidadania na mídia seria uma forma de retratação por esse passado comprometedor.

Durante o período definitório (que ainda está em vigor), conceituar a comunicação pública, por muito tempo, era o mesmo que discorrer sobre a comunicação governamental, principalmente com a popularização das mídias radiofônicas nos anos 20. O caráter de espaço aberto para a sociedade organizada é relativamente novo. Por muitos anos de governo, fez-se pouco caso da comunicação pública. Pela situação, ou mesmo pelo maquiavelismo, não havia preocupação de concretizar planos nacionais na área. Atualmente, romper com esses paradigmas significa perpassar um histórico conturbado.

A conscientização proposta pela autora Heloíza Matos é de que a comunicação pública, quando bem utilizada, promove a estruturação do capital social, que é revertido em ações de cidadania, bem como em solidariedade, lealdade e confiança.

No entanto, além das relações de causa e conseqüência, há alguns pontos essenciais que determinam a validade da comunicação pública, como ignorar interesses individuais e exaltar os sociais; centrar a atenção aos cidadãos envolvidos; considerar a metodologia como algo além de informação; possibilitar métodos de convergência para adequação ao interesse público; e compreender a complexidade do processo comunicativo.

Alguns autores consideram estes aspectos utópicos e intangíveis, pois a comunicação pública atual serviria como apoio para servir de elemento persuasivo, manipulador, ou sedutor. Nesse sentido, ela seria apenas uma peça da disputa pela manutenção do poder, praticada com justificativas de “espírito público” e “interesse coletivo”, mas mascarada por ganâncias pessoais e/ ou corporativistas.

A matéria prima para estes processos comunicacionais, sejam eles benéficos ou maléficos em âmbito de desenvolvimento social, é a informação. Esta exerce várias funções dentro das propostas às quais é aplicada, como no caráter institucional, mercadológico, ou de utilidade pública. A comunicação é um tipo de produto que necessita ser entregue, no entanto, é importante ressaltar, que ela age sobre o sujeito receptor, e volta na forma de feedback, caso o processo tenha efeitos satisfatórios.

Nesse sentido, a comunicação pública deve ser tida como algo mais amplo do que a informação, não só pelo argumento anterior, mas também porque permite que o cidadão contextualize aquilo que lhe diz respeito, tornando-o protagonista do processo, e não apenas receptor.

Algo a ser compreendido dentro da discussão sobre comunicação pública, é que dia após dia, torna-se mais complexo demarcar, ou mesmo visualizar, fronteiras entre aquilo que é privado, e aquilo que é público. Por causa dessa falta de entendimento, muitas empresas e organizações tendem a justificar sua ética a partir dos preceitos lucrativistas. No entanto, a partir dessas premissas equivocadas podem surgir situações inesperadas de crises, e assim como na teoria do Efeito Borboleta de Eduard Lorenz, as conseqüências ocasionadas podem tomar proporções inimagináveis.

Graças ao poderio midiático, as empresas não estão mais em planos simples e lineares de comunicação. Por isso, é extremamente dificultoso expressar desfechos particulares quando, no contexto de globalização e homogeneização, se está inserido em um ambiente intensamente mutável, incerto, e observado. Em períodos de crise é necessária cautela ainda maior nesse campo repleto de armadilhas, principalmente quando se está na função de assessoria de comunicação, pois para o papel designado cabe as tarefas de proteger a imagem simbólica e real das instituições.

Em busca de controlarem situações controversas, muitas empresas confundem situações de envolvimento social com métodos oportunistas e hipócritas para a legitimação da instituição. Nesses casos, ocorrem omissões, tramitações sigilosas e ilegais, além de jogos políticos em background. De acordo com o autor Wilson Bueno, a comunicação de interesse público, assim como o conceito de responsabilidade social, não pode resumir-se a ações isoladas porque se corre o risco de se confundir com práticas meramente comerciais.

As soluções para que esses problemas não ocorram é mobilizar a sociedade pra que os interesses públicos se sobressaiam aos privados, formar profissionais com autocrítica e crítica social, dar ênfase para fatos positivos e que dêem bom exemplo, e fortalecer as mídias alternativas. Essas medidas em conjunto, visam combater a estruturação avançada de uma hegemonia comunicacional.

Apesar de o conceito de comunicação pública não ser único e conciso, há outra definição que deve ser analisada: o interesse público. Isso porque o termo designa algo relativamente universal, mas como encontrar uma intersecção intelectual em um ambiente coletivo? Na verdade, esse conceito seria um emaranhado de interesses, entrelaçados culturalmente e tradicionalmente. Dentro da sociedade da informação, que inventa novas tecnologias a cada dia, o interesse público está cada vez mais ligado a uma dualidade arbitrária. Por um lado, produz-se um bem social, mas por outro, trata-se de uma mera mercadoria noticiosa.

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Crise do Petróleo: dos anos 50 à atualidade

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O petróleo é hoje um dos elementos mais importantes da economia mundial. A refinação de seus componentes produz matérias-primas de combustíveis, polímeros plásticos e até de medicamentos. De acordo com o Departamento de Estatística dos Estados Unidos, uma parte significativa da produção petrolífera atual se encontra no Oriente Médio. Entre os 15 maiores produtores mundiais, cinco estão na região. Além disso, as cinco maiores reservas do planeta estão localizadas na Arábia Saudita, no Irã, no Iraque, no Kuwait, e nos Emirados Árabes Unidos.

Desde a Idade Antiga há registros do uso do petróleo, principalmente como produto para pavimentação de estradas, aquecimento, e lubrificantes. Entretanto, foi na metade do século XIX que o primeiro poço de extração foi construído, na Pensilvânia (EUA). Nascia ali a indústria petrolífera moderna. Em 1874, os Estados Unidos já produziam dez milhões de barris anuais de petróleo.

No Oriente Médio, a exploração se deu a partir da rivalidade entre o Império Russo e a Grã-Bretanha. A Inglaterra mantinha acordos com a Pérsia (atual Irã), que permitiam a produção do combustível fóssil. Além de um pacto econômico, a situação era politicamente engajada, pois neutralizaria os interesses russos na região. Após desavenças, quebras e reincidências de contratos, a primeira perfuração de sucesso foi feita em 1904, em uma área desértica da Pérsia.

Em pouco tempo, a atividade petroleira tornou possível a criação de grandes empresas do Oriente Médio, como a Turkish Petroleum Company, e a Anglo-Persian Oil Company. Nesse período da História, vários países controlavam o mercado, como a Alemanha e a França. Contudo, ao eclodir da Primeira Guerra Mundial, as cooperações entre países inimigos foram suspensas. Após a derrota alemã, e a dissolução do Império Otomano, as potências vencedoras passaram a controlar o petróleo na região.

No final da década de 20 do século XX, havia um monopólio de mercado por parte da Grã-Bretanha. Para validar as explorações, era necessário que os responsáveis apresentassem cláusulas de nacionalidade britânica. O monopólio só foi quebrado na década de 30, quando houve desentendimentos entre a potência inglesa e a Arábia Saudita. Derrotados, os britânicos associaram-se aos estadunidenses.

Após a Segunda Guerra Mundial, as nações estavam em processo de consolidação, e havia um forte sentimento de soberania nacional. Desta maneira, os países do Oriente Médio manifestaram-se a favor da libertação das companhias petrolíferas ocidentais. No Irã, por exemplo, as jazidas foram nacionalizadas.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo foi criada em 1960, por Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Iraque, e Venezuela. O objetivo da OPEP era unificar o preço do produto, promover um cartel internacional, e controlar as ofertas mercadológicas. No entanto, a organização só pôde mostrar seu potencial cerca de 10 anos depois da criação, quando um oleoduto se rompeu, e as oscilações de mercado mostraram o quanto o mundo dependia da produção petrolífera.

A primeira crise que abalou as indústrias petrolíferas foi a Guerra de Suez (1956), na qual o principal canal de exportação de mercadorias foi nacionalizado pelo Egito. Com o bloqueio, o abastecimento de petróleo foi interrompido, e os preços aumentaram subitamente. Já na Guerra do Yom Kipur (1973), a crise se intensificou graças a um conflito entre Israel, e uma coalizão árabe liderada pelo Egito. No ocorrido, a OPEP elevou o preço do barril em 70% e diminuiu o ritmo de produção. A partir de então, os países produtores do combustível fóssil tornaram-se controladores do mercado, pois as companhias petrolíferas perderam espaço diante das nações comerciantes.

Durante praticamente toda a década de 80, o conflito Irã-Iraque intensificou a chamada Crise do Petróleo. Na guerra, os preços aumentaram mais de 1000%, devido a vários poços de extração que foram incendiados. Além disso, a maior refinaria do mundo de combustível fóssil foi destruída, em Abadã, no Irã, e o conflito enfraqueceu dois dos principais produtores mundiais.

Já no início da década de 90, iniciou-se a Guerra do Golfo. O Iraque, coordenado por Saddam Hussein, havia invadido o Kuwait. Com a intervenção dos Estados Unidos, os iraquianos foram expulsos, mas alguns poços kwaitianos foram incendiados. Os ataques ocasionaram tensões econômicas e ecológicas.

No ano passado, às vésperas da eclosão da atual crise econômica mundial, houve movimentos especulativos em nível global, o que ocasionou aumento de mais de 100% no preço do petróleo, somente entre os meses de Janeiro e Julho. Desta maneira, o petróleo continua como grande força motriz para crises no Oriente Médio. Por causa da distribuição planetária, e da interatividade mercadológica, os países dependentes do combustível fóssil estão à mercê das influências internacionais.

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América do Sul monitorada pelos EUA

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Estados Unidos reativam frota da II Guerra Mundial e causam tensão na UnaSul

No último dia 10 de março, o Conselho de Defesa Sul-americano se reuniu pela primeira vez, em Santiago, capital do Chile. O encontro, promovido por iniciativa brasileira, teve a participação dos doze ministros da Defesa de doze países da América do Sul. O Conselho foi criado para o diálogo na região, no qual se pode desenvolver e compartilhar atividades conjuntas.

De acordo com o ministro da Defesa chileno, José Goñi, “o Conselho não constitui uma aliança militar no sentido clássico, não temos inimigos externos identificados.” No entanto, em maio do ano passado, época de oficialização da criação da UnaSul, os Estados Unidos da América (por meio do presidente George W. Bush e da secretária de Estado Condoleezza Rice, declararam a reativação da IV Frota. Trata-se de um comando militar voltado às atividades náuticas, criado durante a II Guerra Mundial para abater navios e submarinos alemães que atacavam embarcações mercantes dos países aliados aos EUA no Cone Sul.

A IV Frota fora extinta no início da década de 50, e foi reostentada sob a justificativa de que “trata-se de uma demonstração dos Estados Unidos com seus aliados na região.” O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mostrou preocupado dois meses após a oficialização desse comando militar, e pediu explicações. “Nós agora descobrimos petróleo em toda a costa marítima brasileira, a 300 quilômetros da nossa costa, e nós, obviamente, queremos que os Estados Unidos nos expliquem qual é a lógica desta Quarta Frota. Nós vivemos numa região totalmente pacífica.”

Apesar da declaração de Lula, a o continente enfrenta problemas sérios, causados principalmente por conseqüência do tráfico de drogas. Na América do Sul, os grandes produtores de cocaína (Colômbia, Peru, e Bolívia) garantem a distribuição da droga pelo mundo. Neste processo, o Brasil é um dos maiores atores da rota internacional do tráfico. Após alcançar os destinos internos, as drogas vão para o litoral, alimentar o narcotráfico em outros continentes.

O dinheiro gerado pela comercialização ilícita de drogas dá continuidade ao tráfico de drogas e a outras atividades ilegais, como corrupção política e judicial, tráfico de pessoas, além de financiamento de grupos paramilitares, como o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, o PCC em São Paulo, e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Neste ano, a ONU, Organização das Nações Unidas, informou que o cultivo da coca registrou aumento nos países andinos, apesar das políticas oficiais de erradicação de plantações e incentivos a outras práticas agrícolas. De acordo com o documento da instituição, no ano de 2007, a área cultivada chegou a 181,6 mil hectares, uma área maior do que a cidade de São Paulo. Nesse período, a Colômbia foi responsável por 600 toneladas; o Peru 290 toneladas; e a Bolívia, 104 toneladas de cocaína.

A principal rota de tráfico sai da Colômbia para os EUA, por meio do Caribe. De acordo com o governo de Álvaro Uribe, 80% da produção é levada em lanchas rápidas, capazes de transportar até uma tonelada e meia por viagem. No entanto, há uma nova rota de importância para os países africanos. Segundo um estudo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc), drogas ilegais são a causa de crimes na Guiné-Bissau e em Cabo Verde.

O órgão da ONU sugeriu que o tráfico de drogas na América do Sul representa uma grande ameaça à estabilidade de nações do oeste da África. “Cabo Verde é um país que recebe muito turismo, sobretudo turismo europeu. Alguns destes turistas se transformam em traficantes de drogas, levando a cocaína para a Europa”, afirmou Giovanni Quaglia, representante do Unodc no Brasil.

Um dos principais indicadores das conseqüências do narcotráfico na América do Sul é o dinheiro investido em armamentos. O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres registrou, em cinco anos, um aumento de 91% dos gastos com armamentos na América Latina, que passaram de US$ 24,7 bilhões em 2003, para US$ 47,2 bilhões em 2008. Neste período, a Venezuela comprou aviões Sukhoi, fuzis Kalashnikov e submarinos, todos armamentos russos. Outros grandes importadores bélicos foram Colômbia, Brasil e o Chile.

Os armamentos contribuem para a manutenção de grupos paramilitares, e consequentemente a violência no continente. Um exemplo ocorreu em março do ano passado, quando um ataque colombiano contra um campo da guerrilha das Farc, causou tensão entre o país e o Equador. Até hoje, Quito e Bogotá ainda não restabeleceram suas relações diplomáticas.

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